Regras do handebol + a história do esporte no Brasil

Antes de discutirmos as regras do handebol, é preciso entender a trajetória desse esporte, desde suas origens incertas até sua disseminação internacional, e posteriormente, sua introdução e evolução no Brasil. 

A história do handebol está repleta de adaptações e transformações, e o esporte, que hoje é amplamente praticado em ambientes escolares e competições profissionais, tem raízes profundas em diferentes culturas e períodos históricos. 

Se você também é fã desse esporte, continue lendo, fique por dentro das regras do handebol e conheça um pouco sobre a sua história do Brasil!

História do handebol no mundo

A origem e regras do handebol são controversas, e alguns acreditam que a modalidade teria nascido ainda na Antiguidade. Imagem: campeoesestaduaisdehandebol.blogspot

As origens do handebol são cercadas por controvérsias e incertezas. Alguns acreditam que o jogo tenha raízes na Grécia Antiga, onde existiam jogos semelhantes envolvendo bolas e mãos. 

Outros traçam sua origem ao início do século XX, na Alemanha, quando o professor de educação física Karl Schelenz popularizou o esporte como o conhecemos hoje. 

Schelenz é frequentemente creditado como o criador do handebol moderno em 1919, quando formalizou regras para o esporte e introduziu a prática em diversos países europeus.

Entretanto, antes mesmo de Schelenz, há registros de jogos semelhantes na Suécia por volta de 1910, introduzidos por G. Wallstrom.

Isso também é visto na Alemanha em 1912, quando Hirschmann, Secretário Geral da Associação Internacional de Futebol, tentou adaptar o esporte utilizando regras do futebol. 

Esses esforços contribuíram para a consolidação do handebol como um esporte em crescimento na Europa.

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Expansão pela Europa e desenvolvimento de regras

O handebol começou a se ramificar pela Europa nas primeiras décadas do século XX, especialmente na Alemanha, Áustria e Suíça, onde o esporte ganhou grande popularidade, especialmente entre o público masculino. 

Inicialmente, o handebol era predominantemente praticado por mulheres, mas com o tempo, sofreu adaptações para atrair também os homens. 

Com essas modificações, o esporte foi introduzido em escolas e colégios, tornando-se uma modalidade reconhecida no ambiente escolar e no cenário esportivo.

A partir de 1936, o handebol de campo foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos de Berlim, mas foi substituído pelo handebol indoor (de quadra) nas Olimpíadas de 1972, que se tornaria a modalidade mais popular e amplamente praticada no mundo. 

As regras do handebol foram então aperfeiçoadas ao longo do tempo, adaptando-se às necessidades de um esporte mais dinâmico e competitivo.

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A chegada do handebol no Brasil

O handebol chegou ao Brasil na década de 1930, trazido por imigrantes alemães que se estabeleceram principalmente nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 

A prática do esporte ficou inicialmente restrita a essas comunidades, com destaque para a cidade de São Paulo, onde as condições climáticas se assemelhavam às da Europa. 

Em 1940, foi fundada a Federação Paulista de Handebol, a primeira entidade a organizar e promover a prática do handebol no país.

O desenvolvimento do handebol no Brasil, no entanto, foi lento durante as primeiras décadas, permanecendo concentrado em São Paulo até os anos 60

A disseminação do esporte pelo país ocorreu com o apoio de professores de educação física, que passaram a incluir o handebol nas aulas escolares como uma forma de recreação e desenvolvimento físico.

Expansão pelo país e consolidação do handebol

A expansão do handebol para outros estados brasileiros começou a partir dos anos 60, graças ao trabalho do professor francês Augusto Listello, que durante um curso em Santos, em 1960, apresentou o handebol a educadores de várias partes do Brasil. 

Esses professores foram responsáveis por introduzir a modalidade em suas escolas, difundindo o esporte em colégios e clubes. 

Em 1971, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) incluiu o handebol como uma das modalidades dos Jogos Estudantis e dos Jogos Universitários Brasileiros (JEB’s e JUB’s), o que impulsionou ainda mais sua prática em todo o país.

Os anos 70 também marcaram o início de competições nacionais de handebol. Em 1973, foi realizado o 1º Campeonato Brasileiro Juvenil, que contou com a participação de equipes masculinas e femininas. 

No ano seguinte, a primeira competição para adultos foi realizada em Fortaleza. O handebol ganhou visibilidade e consolidou sua posição no cenário esportivo brasileiro, culminando na criação da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) em 1979.

Primeiras participações em Olimpíadas

O handebol brasileiro estreou nas Olimpíadas em Barcelona-1992, com a participação da Seleção Masculina, que terminou em 12º lugar. Em Atlanta-1996, a Seleção Masculina melhorou sua colocação, ficando em 11º lugar. 

Nas duas ocasiões, o Brasil garantiu sua vaga após a desistência de Cuba, o que permitiu a participação do país nas competições olímpicas.

A Seleção Feminina de Handebol, por sua vez, conquistou sua primeira vaga olímpica por mérito próprio nos Jogos Olímpicos de Sidney-2000, após vencer a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg-1999. 

Essa participação foi um marco para o esporte no Brasil, e o desempenho da equipe feminina começou a chamar atenção no cenário internacional.

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Resultados expressivos

Com o tempo, o handebol brasileiro continuou a crescer e alcançar resultados expressivos. 

Em Atenas-2004, as seleções masculina e feminina garantiram novamente suas vagas para os Jogos Olímpicos.

A equipe feminina terminou em 7º lugar, enquanto a masculina ficou em 10º. Em Pequim-2008, ambas as seleções voltaram a competir, com a equipe feminina ficando em 9º lugar e a masculina em 11º.

O destaque mais significativo do handebol feminino brasileiro ocorreu na edição de Londres-2012, quando a equipe comandada pelo técnico dinamarquês Morten Soubak terminou em 6º lugar, a melhor colocação da história do Brasil em Olimpíadas até então. 

No ano seguinte, a Seleção Feminina fez história ao conquistar o Campeonato Mundial de Handebol Feminino de 2013, na Sérvia, consagrando o Brasil como uma potência mundial na modalidade.

As regras do handebol

Defender dentro da área de 6 metros é permitido apenas ao goleiro; qualquer jogador que invada comete falta. Imagem: infohandebol.com

O handebol é jogado entre duas equipes, cada uma composta por sete jogadores: seis jogadores de linha e um goleiro. 

O objetivo do jogo é marcar o maior número de gols possível, arremessando a bola com as mãos na baliza adversária. 

O jogo é disputado em dois tempos de 30 minutos, com um intervalo de 10 minutos entre os períodos.

O campo de jogo

As regras do handebol estipulam que o campo de jogo deve medir 40 metros de comprimento por 20 metros de largura, com uma linha central que divide o campo em duas metades iguais. 

Cada time defende uma baliza, que deve medir 2 metros de altura por 3 metros de largura. 

O gol é cercado por uma área de 6 metros, dentro da qual apenas o goleiro pode permanecer.

Movimentação e posições

Cada jogador pode dar até três passos com a bola nas mãos antes de ser obrigado a quicá-la ou passá-la para outro jogador. O jogador também pode segurar a bola por no máximo três segundos. 

A movimentação rápida e eficiente é fundamental no handebol, e as posições em quadra incluem armadores, pontas, pivôs e goleiros, cada um com funções específicas dentro do esquema tático da equipe.

Faltas e penalidades

As faltas no handebol ocorrem quando um jogador impede ilegalmente a progressão do adversário, seja por agarrão, empurrão ou qualquer outra forma de contato físico antidesportivo. 

As punições podem incluir advertências, exclusões temporárias (por dois minutos) e expulsões (cartão vermelho). 

Além disso, penalidades como o tiro de 7 metros são concedidas quando faltas graves são cometidas dentro da área de gol.

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Regras específicas para o goleiro

O goleiro tem um papel fundamental no handebol e segue regras específicas. Ele é o único jogador permitido a tocar a bola com qualquer parte do corpo dentro da área de gol. 

No entanto, o goleiro não pode sair da área com a bola nas mãos ou sair da área e pegar a bola antes que ela toque em outro jogador.

Cenário atual do handebol no Brasil

Hoje, o handebol é amplamente praticado em todo o Brasil, tanto em escolas quanto em competições profissionais. 

As seleções brasileiras, especialmente a feminina, têm obtido resultados expressivos em competições internacionais, colocando o país entre as potências mundiais do esporte.

A modalidade tem ganhado cada vez mais visibilidade e apoio, com ligas regionais e nacionais se fortalecendo e revelando novos talentos. 

O handebol escolar também desempenha um papel importante na formação de futuros atletas, consolidando o esporte como parte fundamental do sistema esportivo brasileiro.

Título mundial de 2013: um marco no handebol brasileiro

O título mundial de 2013 foi um divisor de águas para o esporte, trazendo maior visibilidade ao handebol no Brasil. Imagem: Mídia Ninja

Em dezembro de 2013, a seleção brasileira feminina de handebol conquistou o tão sonhado título mundial. 

A vitória veio após uma campanha impecável no Campeonato Mundial de Handebol, realizado na Sérvia, onde as brasileiras venceram todos os seus nove jogos e se sagraram campeãs com uma vitória de 22 a 20 sobre as anfitriãs sérvias na final. 

Esse título não apenas colocou o Brasil no mapa do handebol mundial, mas também deu à modalidade o impulso que faltava para atingir novos patamares, tanto no país quanto no cenário internacional.

Antes de 2013, o handebol brasileiro já havia demonstrado potencial, com boas campanhas em torneios continentais e algumas participações honrosas em competições internacionais. 

No entanto, faltava ao Brasil um título que consolidasse sua força global. 

A conquista mundial representou exatamente esse “passo a mais” que o handebol brasileiro precisava para ser respeitado internacionalmente, e as jogadoras da geração dourada daquele ano ficaram marcadas como pioneiras de uma nova era para o esporte no país.

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Impacto da conquista no handebol brasileiro

A conquista do Mundial de 2013 teve um impacto profundo no desenvolvimento do handebol no Brasil. 

A modalidade, que já vinha crescendo, passou a ter maior visibilidade, atraindo mais investimentos e novos talentos. 

Os jovens atletas brasileiros, inspirados pelo feito histórico da seleção feminina, passaram a enxergar o handebol como uma carreira viável e promissora, contribuindo para a formação de novas gerações de jogadores.

Além disso, o título de 2013 ajudou a fortalecer a base do esporte no país, especialmente nas escolas e clubes. 

Programas de desenvolvimento do handebol juvenil se intensificaram, e o esporte começou a ganhar mais espaço nas competições escolares e universitárias. 

O aumento do interesse pelo handebol também incentivou a criação de mais ligas regionais e estaduais, ampliando o acesso à prática da modalidade em várias partes do Brasil.

No âmbito internacional, o Brasil passou a ser visto como um adversário de respeito. Antes de 2013, muitas seleções europeias, que tradicionalmente dominavam o handebol, não consideravam o Brasil como uma ameaça real. 

Porém, a forma como a seleção feminina brasileira superou as adversidades e derrotou potências como a Dinamarca e a Sérvia mudou essa percepção para sempre.

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Desafios enfrentados pela Seleção em 2013

A trajetória até o título mundial, no entanto, não foi fácil. A preparação da seleção brasileira para o Mundial de 2013 enfrentou vários contratempos. 

Segundo o técnico Morten Soubak, a preparação foi marcada por lesões, falta de recursos e dificuldades logísticas. 

Durante o período de treinos, muitas jogadoras ficaram impossibilitadas de treinar, e alguns amistosos terminaram em derrotas, o que gerou preocupações sobre o desempenho da equipe no torneio.

Além dos desafios internos, a seleção brasileira também teve que lidar com o ceticismo de alguns adversários. 

Na semifinal contra a Dinamarca, por exemplo, a equipe brasileira foi subestimada, com a mídia dinamarquesa tratando o Brasil como um oponente fácil de ser vencido. 

No entanto, essa falta de respeito por parte dos adversários serviu como motivação extra para as jogadoras brasileiras, que, sob o comando de Morten Soubak, usaram as críticas como combustível para uma atuação brilhante

Na semifinal, o Brasil venceu a Dinamarca por 27 a 21, impondo seu jogo de forma contundente e conquistando respeito imediato. 

Esse triunfo foi um ponto de virada na campanha, aumentando a confiança da equipe para enfrentar a Sérvia na final.

A Geração Dourada: jogadoras que fizeram história

A conquista do título mundial não seria possível sem a contribuição de um elenco talentoso e comprometido. 

A equipe de 2013 ficou marcada como uma geração dourada do handebol brasileiro, formada por jogadoras que se destacaram tanto no cenário nacional quanto internacional.

Entre os grandes nomes dessa geração, Duda Amorim se consolidou como uma das principais referências. 

Eleita a melhor jogadora do mundo pela Federação Internacional de Handebol (IHF) em 2014, Duda foi um dos pilares da seleção brasileira. 

Sua versatilidade em quadra, atuando tanto na defesa quanto no ataque, e sua liderança foram essenciais ao longo de toda a campanha vitoriosa.

Alexandra Nascimento, outra peça-chave, também teve uma trajetória brilhante. A ponta direita, conhecida por sua agilidade e precisão nos arremessos, foi fundamental nas fases decisivas do Mundial. 

Além disso, ela já havia sido eleita a melhor jogadora do mundo em 2012, consolidando sua importância para o handebol brasileiro.

As goleiras Bárbara Arenhart e Mayssa Pessoa também desempenharam papéis decisivos. 

Com defesas espetaculares, elas garantiram que o Brasil se mantivesse competitivo mesmo nos momentos mais complicados das partidas. 

A força defensiva do Brasil, aliada à qualidade técnica no ataque, foi um dos fatores que levou a equipe ao topo do mundo.

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Legados do título mundial

O impacto do título mundial de 2013 reverbera até hoje no handebol brasileiro. Além de trazer visibilidade à modalidade, a conquista serviu como um ponto de partida para que o esporte ganhasse mais estrutura e apoio

Após o título, houve um aumento significativo no número de praticantes de handebol no Brasil, e a modalidade passou a ser mais valorizada em escolas e clubes esportivos.

A vitória também atraiu mais investimentos, tanto de patrocinadores quanto de órgãos governamentais, o que ajudou a melhorar as condições de treinamento e a participação da seleção brasileira em competições internacionais. 

O handebol feminino, em particular, continuou a colher os frutos dessa conquista, com a seleção mantendo-se competitiva e participando de edições subsequentes do Mundial e dos Jogos Olímpicos.

No cenário internacional, o título de 2013 elevou o status do Brasil. Se antes a seleção brasileira era vista como uma equipe emergente, agora é tratada como uma potência capaz de competir em igualdade com as melhores seleções da Europa, que tradicionalmente dominam o handebol. 

Desafios pós-título e a busca por novas conquistas

Embora o título mundial tenha sido um marco, o handebol brasileiro enfrentou novos desafios nos anos seguintes

A falta de continuidade nos investimentos e a saída de algumas jogadoras da geração de 2013, como a aposentadoria de Dani Piedade e Fabiana Diniz, fizeram com que o Brasil passasse por um período de transição. 

As dificuldades econômicas que o país enfrentou também afetaram o apoio à modalidade.

Entretanto, a seleção feminina continuou competitiva e, aos poucos, novas jogadoras foram surgindo, como Bruna de Paula, que atualmente desponta como uma das principais estrelas do handebol brasileiro. 

A renovação da equipe tem sido um processo gradual, mas o legado da geração de 2013 permanece como um exemplo a ser seguido pelas novas atletas.

A busca por novas conquistas internacionais continua. A participação da seleção brasileira no Mundial de Handebol Feminino de 2023, realizado entre novembro e dezembro na Dinamarca, Suécia e Noruega, carrega consigo o peso de um passado glorioso, mas também a esperança de novas façanhas. 

As jogadoras da seleção atual têm a oportunidade de escrever um novo capítulo na história do handebol brasileiro, inspiradas pelo legado deixado há uma década.

Conforme você pôde perceber, o handebol encontrou terreno fértil para crescer e prosperar, tornando-se um dos esportes mais praticados e apreciados nas escolas e competições nacionais. 

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